Artista e Escritora
Teresa de Saldanha foi iniciada pela sua própria mãe na música e na pintura, revelando um raro talento para essas artes. No piano, era das melhores discípulas do mestre Mazoni. Exercitava muitas horas por dia e animava festas e celebrações religiosas.
Na pintura, o seu primeiro mestre foi Mr. Leberthais, que, ao morrer em 1852, é substituído pelo mestre Tomás José da Anunciação.
Em 1853, iniciou-se nas técnicas de aguarela e óleo onde revela grande talento ao pintar paisagens. Tinha, além de grande habilidade, a rara arte de saber compor bem as cores. Foi a iconografia religiosa que nela despertou maior entusiasmo. Ao pintar o Ecce Homo, Jesus Cristo, o Filho de Deus condenado (Jo 19, 5), Teresa sentiu o seu primeiro grande apelo místico. Além deste quadro pintou Nossa Senhora, o Sagrado Coração de Jesus e Santa Rosa de Viterbo. Entre os vários quadros, Teresa deixar-nos-á um notável auto-retrato acompanhada dos irmãos e da cunhada.
A sua obra pictórica foi estudada, entre outros, por António Quadros, numa conferência proferida nos 150 Anos do seu Nascimento, na Fundação Calouste Gulbenkian, sob o título Romantismo e Misticismo na pintura de Teresa de Saldanha, Lisboa, 1987.
Teresa de Saldanha nunca pretendeu ser escritora. Mas, efectivamente, escreveu como poucas mulheres da sua época. O seu espólio literário é constituído por escritos pessoais, de circunstância: orações, cartas, relatórios, notas, contas, etc. e o seu estilo reveste-se de suma naturalidade, simplicidade e sobriedade. Correspondeu-se com um variado leque de personagens, desde papas, cardeais, núncios apostólicos, reis, deputados, políticos, sacerdotes e religiosas de várias instituições, familiares, amigos e crianças. As suas cartas são pedaços do quotidiano que flui consoante as circunstâncias que tecem o seu viver.
Vejo qual é a sua opinião acerca de eu escrever para Stone. Pois bem, fá-lo-ei num dos próximos dias, embora eu tenha muito medo que ao começar a falar dos meus desejos e anseios, a boa Irmã pense talvez que eu estou a sonhar! Mas não importa o que possam pensar, porque Deus a seu tempo mostrará qual é a sua Santa Vontade.Se eu estivesse em Lisboa, mostrava-lhe uma carta que uma vez recebi de Stone e, na qual, ao falarem das leis portuguesas sobre a dissolução das ordens religiosas, me diziam como era difícil e impossível restabelecê-las presentemente em Portugal. Mas vamos ver quais são os caminhos de Deus. Seguindo a minha voz interior e a atracção pela solidão bem como o desejo de deixar tudo por Deus, eu preferia deixar o meu país; mas vejo que, para já, me não é possível fazê-lo, tendo dificuldades tão grandes, que mal se podem imaginar, e se algo se restabelecesse em Portugal, talvez, sem tanta violência, eu pudesse fugir para Deus!
Carta de Teresa de Saldanha ao Padre Patrick Bernard Russell, 1865, AGC-MF, n.º 47.
Carvões

Jan 1851 - Retrato de jovem dama

Fev 1851 - Retrato de jovem rapaz

Mai 1851 - Retrato de menina

Jun 1851 - Auto-retrato

Jul 1851 - Retrato de jovem rapariga

Jul 1851 - Retrato de irmão mais velho

Set 1851 - Retrato de menino

Nov 1851 - Retrato da prima

Nov 1851 - Retrato de seu pai

Nov 1852 - Retrato de sua mãe

1856 - Paisagem com árvores

1863 - Paisagem com caminho

1869 - Paisagem com duas pequenas casas

1869 - Entrada de gruta

Paisagem com ponte

Paisagem com morro

Paisagem com pastor

Paisagem com árvores

Barco com remador

Paisagem do Norte de África

Paisagem com costa

Paisagem esbatida
Aguarelas

1852 - Retrato de sua mãe

1852 - Retrato de jovem rapaz

1854 - Retrato de menina

1854 - Pintor

1860 - Senhora e menina

1860 - Menina

Paisagem urbana

Família chegando de barco

Árvore truncada
Óleos

Retrato de jovem rapariga

Rapariga com cesto ao ombro

Rapariga de lenço

Ecce Homo

Mater Dolorosa

Santa Rosa Viterbo

Auto retrato em família